Artigo

A Casa de Legos

O escorrega talvez seja a melhor metáfora para o amor, quanto mais descemos pelo escorrega mais velocidade ganhamos, como o amor que não conseguimos controlar. Queríamos que esse escorrega fosse sempre maior, para poder desfrutar daquela ansiedade, adrenalina, quando deslizamos livremente, como crianças onde apenas vivem a vida, livres de problemas, sentindo felicidade quando o vento bate na cara ao ganhar velocidade, ao som do deslizar no escorrega.

Havia uma criança que estava no recreio, tinha tantos brinquedos para escolher para brincar, inclusive o escorrega. No entanto os olhos dele não estavam fixos em nenhum brinquedo, não corria desgovernadamente para ser o primeiro a brincar com algum daqueles brinquedos como todos os seus colegas.

Tinha encontrado algo novo, algo que não sabia explicar, talvez por ser criança, algo que muitos adultos também nunca saberão explicar. Fixou o olhar para a zona dos legos que estavam daquela sala de recreio, porque brincava ali alguém, e a maneira como essa pessoa estava ali, parada a brincar, fez aproximar os dois, ali, do nada.

Ele pediu-lhe para brincarem juntos e ambos construíram ali uma casa grande, de legos de todas as cores, a casa que iriam construir um dia para serem felizes para sempre.

Não precisamos de saber o significado do amor para ele aparecer na nossa vida, não precisamos de pedir e procurar o amor, não precisamos de tentar encontrar em alguém o amor se depois no futuro o que resta é uma vida de desilusão e de falsidade, ele aparece-nos um dia, numa troca de sorrisos, numa troca de olhares, numa troca de personalidades e fica para sempre, mesmo que não se concretize. O recreio pode ser a entrada de um departamento junto a uma biblioteca de uma universidade, não importa, as crianças existirão sempre dentro de cada um, e o amor acontece, num piscar de olhos, que fica para toda a vida, que constrói gerações que passarão o testemunho do verdadeiro significado da vida.

1 JAN, 2017 0

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